Como
eu havia prometido a Bernadete, ela veio até a minha casa.
Ela
pode reparar nos meus LP’S , CDs, DVD’s,
fotos na cabeceira da cama, quadros espalhados pelo quarto e sala.
Nós
tivemos tempo o bastante para relatarmos um pouco mais das nossas vidas, apesar
da nossa diferencia social, no fundo somos quase irmãs; irmãs que não tivemos.
A
história de vida de nós duas é cheia de marcas, arranhões feitos por muita dor;
ter sido abandonado pelo meu pai e com a minha mãe tendo de preencher os dois
papéis foi muito difícil no inicio pra mim.
É
muito duro para uma criança, não ter esse respaldo de uma figura masculina na
sua vida, porque ele acaba sendo a pessoa que te impõe uma autoridade maior do
que a mãe.
A
minha mãe, a sua mãe (leitor) e a mãe da Bernadete só muda de endereço, as
reações e as privações são praticamente as mesmas.
Ela
sempre vai nos orientar com quem andar e não andar, vai ser o toque mais doce e
sutil dentro de casa, vai ser a mulher que você deseja ser quando for adulta,
talvez não no que diz respeito a ser subjugada, humilhada, traída; mas, tudo se
justifica com o amor e a dedicação aos filhos.
Eu
e a Bernadete falamos muito sobre as nossas mães e, de como nós não gostaríamos
ter que passar pelo o que elas passaram.
Muitas
vezes eu me questiono se ter me tornado uma mulher depende foi a melhor escolha
pra mim, mas, quando eu olho pra minha mãe eu vejo que esse caminho é o melhor
sem dúvida alguma, hoje eu tenho o meu apartamento, tá que não é grande coisa,
só que é meu.
Não
quero ser um espelho para Bernadete no que se diz respeito de sair de casa e
tentar a sua vida sozinha, o que eu pude orientar em questão é de quando ela
for tomar essa atitude que esteja muito
segura de si.
Expliquei
de como é muito importante a minha amizade com a Bruna e com a Fernanda, falei
um pouco de como são as coisas na faculdade e no meu trabalho de fotografa,
trabalhar perto de casa é uma puta vantagem.
Quando
se tem alguém pra se compartilhar as coisas, tudo fica mais leve, não tenha
dúvida disso.
Depois
de uma longa conversa sobre muitos assuntos e garrafas de vinhos pelo chão da
sala, e de ter escutado muitos CD’S e LP’S, nos sentimos muito cansadas; eu tenho
um colchão extra guardado e o cedi para que a Bernadete pudesse dormi na sala,
peguei alguns edredons, ela ficou toda empacotada, fomos dormi já era quase 4
horas da manhã de um sábado para domingo chuvoso; prometi que se o tempo não
estiver chovendo eu iria leva-la pra conhecer o Parque do Trianon e o vão do MASP,
eu aproveitaria para tirar algumas fotos dela e com ela.
Foi
difícil levantar cedo, o domingo estava nublado e aquele friozinho típico do
mês de Dezembro, a Bernadete acordou de bom humor e super animada com a ideia
de sair pra conhecer um pouco mais da região e de tirar algumas fotos.
Havia
chovido a madrugada toda, eu não estava no melhor dos meus dias em questão de
coragem pra fazer algo, decidi tomar uma ducha quente pra ver se o ânimo iria
se possuir de mim.
Bernadete
foi arrumando as coisas deixando tudo no lugar, ela queria prepara o café da
manhã, eu lhe dei algumas coordenadas pra ela poder adiantar um pouco as coisas
para o café da manhã.
Por
incrível que pareça não acordamos muito
tarde, era 11 da manhã e é de hábito já acorda ligando o rádio, decidi colocar
o meu mp4 com a seleções de algumas músicas que iam de Chico Buarque à Pearl
Jam.
O
banho foi algo formidável pra mim, revigoro as minhas energias... tomamos o
nosso café da manhã e a Bernadete decidiu tomar banho também, emprestei uma
toalha para ela, enquanto ela tomava o seu banho eu preparei a minha câmera,
peguei a minha blusa vermelha de capuz uma calça jeans e o meu all star marrom.
Assim
que a Bernadete terminou o seu banho e se trocou, pegamos o caminho da rua, já
era por volta das 13h30min, subimos a Augusta e em menos de 5 minutos já
estávamos na paulista toda decorada para as festas do fim de ano, a Bernadete
se virou e me falou que era a primeira vez que via de perto essas decorações
que antes só via pela TV, então vocês já imaginem como foi à reação dela ao ver
Avenida Paulista toda decorada, andamos em direção ao Trianon para fazer uma
sessão de fotos e usaria a Bernadete como a minha modelo, como de costume houve
muitas risadas, porque a Bernadete não sabia quais poses fazer, eu tive que ir
falando as poses pra ela fazer, depois de ter terminado a sessão de fotos
especiais com a Bernadete continuei tirando fotos desde das decorações da
Avenida como de um grupo que tocava dentro do Parque; expliquei um pouco pra ela
sobre a existência do parque no meio de tanto concreto e assas falto, me senti
uma guia turística (risos) foi bem engraçado.
Depois
fomos para o vão do MASP, onde também aproveitei e tirei algumas fotos dela e
de tudo ao redor, lhe contei um pouco do MASP e das muitas manifestações que
até hoje acontecem no vão, depois de mais fotos e risadas fomos dar uma
conferida bem rápida na ferinha do Trianon, ela se apaixonou por um monte de
coisa, eu decidi em lhe dá uma mandala de recordação.
Tínhamos
que voltar pra casa, estava dando a hora de Bernadete ir pra casa, já ia dar 16h00min,
ela voltou pegou as suas coisas e decidi fazer um pedido de um yakissoba antes
dela ir; ela me disse que nunca havia comido, acabei achando justo dá pra ela
essa experiência.
Ela
acabou adorando tudo durante o final de semana, como dá última vez creio que
trouxe pra ela novas experiências para a sua vida e quem sabe ampliei um pouco
mais a sua visão.
Assim
que ela chegou em casa me ligou avisando que correu tudo bem na sua volta.
A
Bernadete tem me mostrado um lado mais humano em mim.
Beijos
a todos
Verônica
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